Iniciado o maior Vestibular do país na sua edição 2021, os números da abstenção assustaram algumas pessoas. Mas será esse o dado assustador?

 

Ao final do domingo em que ocorreu a primeira prova do ENEM 2021 – Redação, Linguagens e Ciências Humanas – muitos meios de comunicação passaram a destacar a alta taxa de abstenção. Se formos avaliar o papel dos meios de comunicação no ENEM e nos Vestibulares, normalmente o saldo é negativo. O papel desses canais é ganhar audiência, e é sabido que más notícias sempre chamam mais atenção. Desde o pedido de demissão em massa de funcionários do INEP e de declarações desastrosas de componentes do governo, a imprensa, que vive clima de guerra constante com o presidente, passou a usar o ENEM como munição para essa guerra. E no meio dela, os candidatos. Se coloque no lugar de um aluno, que nos dois últimos anos sofreu fortes impactos da pandemia na educação, que passou o ano se preparando para dois dias de prova e dias antes do exame, é obrigado a estar no mio de uma lamaçal criado por vários lados. E o melhor de tudo: veio a prova e a mesma foi elogiada por alunos e professores. Ou seja, nada do que se previa ocorreu.

Se comparada com a abstenção desde 2017 (sem contar 2020, ano impactado diretamente pela pandemia), a taxa de abstenção se manteve estável e dentro do esperado. Veja os dados abaixo:

 

 

Na mesma tabela, é possível se observar o número de inscritos, esse sim, na minha opinião, com uma queda preocupante. Está na hora do Ministério da Educação utilizar esse número como um alarme. Buscar junto as secretarias de educação os números da evasão escolar nos últimos dois anos (se as secretarias tiverem esses dados).

Infelizmente, prevejo anos terríveis a frente. A pandemia, com uma estrutura de aulas on-line as quais tantos as instituições quanto os alunos não estavam preparados para utilizar, vai cobrar seu preço. E podem acreditar, será um preço alto. Outro fator, que certamente contribuiu para a queda de inscritos no ENEM 2021 é a necessidade do jovem buscar trabalho para auxiliar a renda familiar. Aliás, esse fator irá fazer com que um “exército” de estudantes não ingressem no Novo Ensino Médio, que vai exigir turno integral do aluno.